sexta-feira, 19 de julho de 2013

Crítica: Dogville

Nome Original: Dogville
País de origem: Dinamarca (e um monte de países que não cabem aqui)
Ano: 2003
Roteiro: Lars Von Trier
Direção: Lars Von Trier

Fazer uma crítica sobre um filme de Lars Von Trier é complicado. Estou sujeito a alguém vir aqui falar que eu sou um ignorante, que não entendo de cinema e que não captei a mensagem que ele queria passar simplesmente pelo fato de eu não ter gostado do filme. Eu realmente não gostei de algumas coisas. O filme não é ruim, ao contrário, é muito bom. Simplesmente não é para qualquer um. Eu achei muito arrastado.


Ele foi feito nos moldes do Dogma 95, manifesto que foi criado pelo próprio Lars Von Trier. Tais projetos devem seguir algumas regras (para saber mais sobre esse movimento e quais são as regras clique aqui). Vale lembrar que este não segue a risca todas as regras do Dogma 95, e especialistas dizem que na verdade nenhum filme assim já foi feito. Por exemplo, o filme tem trilha sonora, a primeira cena já é gerada por computador e muitos outras regras não foram cumpridas. Mas de qualquer forma, o modo como a história é contado é genial.



Conhecemos a cidade de Dogville. Uma pequena cidade de poucos habitantes. O ambiente se assemelha a um galpão ou ao palco de um teatro. Não há paredes ou portas. A maioria do cenário com poucas exceções é "imaginado". Entendemos o ambiente pelas marcações no chão, como se a planta do lugar tivesse sido feito em tamanho real. Podemos ver tudo o que acontece, enquanto os moradores de Dogville não; para eles existem paredes por toda parte. Esse foi um ponto interessante, principalmente em algumas cenas que comentarei mais para frente.


Em uma narração digna de contos de fadas conhecemos os moradores da cidade. Em especial Thomas Edison, filho de um médico aposentado. Que ainda pobre, era o mais abastado daquela cidade miserável. Após isso, Tom ouve tiros, e apenas aguarda para descobrir o que era. Ele espera em vão, até adormecer deitado em um banco. Mas os latidos do cachorro Moisés denunciam, uma intrusa entrara na cidade. Grace (interpretada pela Nicole Kidman, que dispensa comentários né) está fugitiva de gangsters e conta que não tem família, tinha apenas um pai que perdeu por causa dos criminosos. Os homens armados entram em Dogville e revelam a Tom estarem dispostos a pagar uma grande recompensa por informações sobre Grace.

O rapaz decide ajudá-la. Então promove uma assembléia para convencer os moradores a aceitarem a moça lá. Obviamente, uma cidade pobre não aceitaria uma fugitiva de mafiosos tão fácil. Com um discurso crítico que não iria agradar muita gente, Tom consegue convencer a todos que deem a Grace uma chance. Duas semanas para saber ela fica ou não. E como gratidão, ele a convence a se oferecer para ajudar aos moradores. Primeiramente eles não aceitam, depois cedem um pouco, depois pedem favores, então aumentam os favores, e consequentemente os abusos.

A forma como os moradores vão se modificando e se tornando cada vez mais perversos é explorado de forma magistral. O modo como o ser humano se sente dono de outro alguém, apenas pelo fato de essa pessoa necessitar de sua ajuda. Os cidadãos acolhedores se transformando em monstros torturadores é de um "terror" psicológico extremo. As humilhações que Grace sofre mexe e instiga o espectador. [SPOILER] Chega ao ponto de um estupro. Essa cena diga-se de passagem é bastante interessante, pois como disse, não há paredes no cenário do filme. E o Lars faz questão de uma panorâmica para mostrar os outros cidadão em seus afazeres, crianças brincando e tudo numa completa paz, enquanto Grace é violentada em uma das casas. [FIM DO SPOILER]


Dogville, é dito por muitos como um filme com o melhor final da história, final surpreendente e tal. Eu particularmente não achei tão surpreendente. A única "surpresa" mesmo, é quando descobrimos o porque os gangsters a procuravam.

O parágrafo a seguir, dá spoiler máximo sobre o final do filme. Eu realmente recomendo que você apenas o leia caso tenha assistido o filme. Caso não aguente ver um filme de três horas, há um versão de menor duração também.

[SPOILER] É claro, depois de todas as humilhações que Grace sofre, do estupro, depois de tudo isso, o que você quer ver é vingança. Descobrimos que os gangsters a procuravam porque ela era filha do chefe. Quando ela diz que não tinha família e perdeu seu pai por causas dos criminosos... Entendeu né? Então nós vemos a tão esperada vingança, com direito a tiros na cabeça de criança e tudo. Mas é só uma vingança, não é esse o ponto máximo do filme.  [FIM DO SPOILER]

O filme é muito bem escrito, conduzido e finalizado. Afinal, é Lars Von Trier né. O filme mexe com você, te instiga, brinca com os conceitos de errado ou certo. Esse é o ponto mais interessante.

QUANTO VALE?
Vale quatro pipocas, mas você vai comer bem mais que isso. Quem sabe um x-tudo e um milk shake.

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