O primeiro
velório foi o de um senhor de idade que tinha sido um professor famoso. Esta
cerimônia foi cheia de pompas e discursos. Porém, uma pessoa em especial chamou
a atenção da estudante: era uma idosa de cabelos brancos, vestida de preto, com
uma mantilha negra e antiga na cabeça. A primeira vez que a estudante olhou
para esta mulher, teve a impressão de que esta velhinha não tinha pernas e
estava flutuando. Porém, depois a estudante olhou novamente para esta esquisita
figura, viu as suas pernas normais e concluiu que aquilo poderia ter sido uma
ilusão de ótica.
O segundo
velório visitado pela estudante foi de uma criança de classe baixa, num bairro
muito popular. Esta estudante estava observando o comportamento das pessoas
quando viu novamente a estranha senhora do primeiro velório. Então, a acadêmica
resolveu olhar para a mulher com mais cuidado. Porém a velhinha olhou em sua
direção e a estudante teve a impressão de ter visto duas estrelas no lugar dos
globos oculares desta mulher. Então a moça pensou que isto poderia ter sido uma
bobagem de sua cabeça.
O terceiro
velório , que graduanda visitou , foi o velório de um empresário milionário,
amigo de sua família. Por ser um velório de gente importante, só entrava quem
fosse conhecido. A estudante entrou, mas dentro do local ela teve uma surpresa;
a idosa esquisita estava lá também. Assim a estudante também resolveu ir ao
enterro deste homem rico e aquela estranha senhora foi junto. Após o enterro, a
estudante decidiu seguir aquela idosa esquisita, que ficou algum tempo andando
pelo cemitério até que parou num túmulo marrom. Então a estudante notou que a
mulher da foto do túmulo era aquela mesma velhinha estranha e sem querer soltou
uma exclamação:
– Ave!
Assim, a idosa olhou para trás e disse:
- Ave minha
filha!
Desta
maneira, a estudante falou:
- Como é
possível?! A foto da mulher enterrada neste túmulo é a cara da senhora!
Deste jeito, a velha explicou:
- Bem, isto
faz sentido, porque esta mulher que está aí enterrada neste túmulo marrom sou eu.
Então, a
estudante disse:
– Isto não é
possível… Só pode ser uma brincadeira ou uma alucinação minha! E por que a
senhora visita tantos velórios e enterros?! Qual é a explicação de tudo isto?
Calmamente a
velhinha falou:
- Eu nasci
há algum tempo atrás… A minha vida foi indolente e sem graça. Fui filha única,
não me casei, não tive filhos e não trabalhei… Eu apenas ficava vegetando em
casa, sem fazer nada por preguiça. Quando meus pais morreram, eu vivi
tranquilamente com a pensão que eles deixaram para mim. Mas quando eu morri a
primeira coisa que eu vi foi o filme da minha vida inteira: um tremendo vazio!
Em primeiro lugar, um anjo tentou me levar para o céu, mas eles não me
aceitaram lá porque eu não tinha feito nada de útil para a humanidade. Depois,
o mesmo anjo tentou me levar para o inferno, mas o diabo não me aceitou porque
eu não era má o suficiente. Após isto, o anjo me levou para o purgatório, mas o
guardião de lá, não me aceitou alegando que eu não tinha feito nenhum pecado
para purgar. Então apareceu o chefe deste anjo que falou que o melhor a fazer
era dar uma missão útil para mim, como colaboradora da morte.
Assim, a
estudante indagou:
- E o que
uma colaboradora da morte faz?
Desta
maneira a velha respondeu:
- Uma
colaboradora da morte tem uma missão parecida com a deste anjo; quando alguém
morre, ela coloca o filme da vida desta pessoa falecida para ela ver e guia a
sua alma até muitos lugares como o céu, o purgatório ou o inferno.
Após escutar
tudo isto a estudante desmaiou. No hospital ela contou a história para os
enfermeiros, disse que estava vendo o filme de sua vida diante dos próprios
olhos e em seguida, faleceu.
Texto editado do blog ahduvido