sábado, 24 de novembro de 2012

Creepypasta: O trabalho perfeito

TEXTO DE MINHA AUTORIA.

Eram tempos difíceis. Aliás, sempre foram, mas quando você se vê desempregado e sem condições alguma de conseguir um trabalho, a situação se torna insustentável. Eu não tinha mulher, muito menos filhos (pelo menos não que eu saiba), não tinha família em quem me apoiar. Era só um homem lutando pela própria sobrevivência. Ninguém pode me julgar por como ganhei a vida. Como meu pai mesmo dizia "Enquanto houver idiotas no mundo, os espertos não morrem de fome".

Meu último emprego havia sido em uma oficina. Eu era ajudante de mecânico. Ainda fazendo hora extra, mal dava para pagar aluguel, água, gás, luz e outras despesas. Eu não tinha telefone pois não tinha para quem ligar (um gasto a menos). Saí de lá disposto a melhorar de vida. O dono da oficina ganhava muito dinheiro com a venda de peças e eu na miséria. Eu queria a mesma coisa para mim. Mas se eu não tinha dinheiro para investir em peças automotivas só tinha uma forma... Peguei uma enorme corrente que havia levado da oficina durante minha saída. Enrolei-a com arame farpado, bastante arame farpado. Toda noite eu ia até a estrada 59, um lugar deserto, com apenas a alta vegetação a esquerda e a direita. Nem o celular mais moderno conseguia captar um pouco sequer de sinal lá.


O plano era simples, porém bastante lucrativo. Eu amarrava um fio de nylon na ponta da corrente, a deixava de um lado da estrada e ficava do outro. Quando um carro se aproximava eu puxava a corrente. O idiota passava e ficava sem os quatro pneus. Sem ter como pedir ajuda ele só tinha uma opção: abandonar o carro na estrada e ir buscar ajuda em um hotel que ficava há uns 100 metros dali. Geralmente eram motoristas sozinhos ou casal (nesse caso a mulher ficava com medo da estrada escura e ia junto com seu cônjuge). E eu tinha acesso ao carro abandonado, para pegar todas as peças e revende-las no mercado negro. Era o trabalho perfeito.

No caso de alguma investigação, o dono do hotel seria o primeiro indiciado. De qualquer forma eles nunca me encontrariam, eu não tinha moradia. Toda manhã eu ia dormir em qualquer hotel de beira de estrada como aquele da Estrada 59. Lembro-me que uma vez um casal caiu na minha armadilha e como todos os outros foram até o tal hotel. Eu depenei quase o veículo quase todo. Não eram nem onze horas ainda. Ia ser uma longa noite, então decidi ir até o hotel para vê-lo. Nunca tinha ido lá, queria saber onde minhas vítimas ficavam.

Chegando lá, a recepção estava vazia. Tive a impressão de ouvir uns gemidos vindos de um dos quartos no andar de cima. Parecia que o casal não perdeu tempo e foi se divertir da forma mais simples que um homem e uma mulher podem. Subi as escadas seguindo o barulho. Não sou voyeur, mas a curiosidade foi tamanha que não pude me conter. O barulho foi ficando cada vez mais alto até que localizei de onde vinha. Encostei meu ouvido na porta do quarto e ouvi os gemidos, que agora se pareciam mais com urros abafados de dor. Fiquei estarrecido ao olhar pela fechadura. O rapaz que havia descido do carro estava nu e pendurado pelas mãos com correntes presas a parede, haviam muitas perfurações e cortes no seu corpo. Ele estava vivo, mas não estava mais ali devido tamanha dor. Seus olhos estavam desumanamente arregalados e fixos na cama onde estava sua esposa, também nua e ensanguentada e com pés e mãos amarrados. Um homem vestindo apenas uma camisa e uma máscara de demônio a violentava furiosamente enquanto ela tinha seus gritos abafados por uma mordaça. Ela não tinha muito que fazer, estava completamente imobilizada. Ao redor daquela cena agonizante haviam tesouras, facas, seringas, barras de ferro, um vasto menu de materiais de tortura, e no canto do quarto... Uma câmera em um tripé.

Naquele momento eu percebi a besteira que vinha fazendo há tempos. Desci as escadas o mais rápido que pude e corri enquanto prometia para mim mesmo que nunca mais, absolutamente nuca mais, eu iria dormir em um hotel de beira de estrada! Pode ser muito perigoso! Eu ainda tenho muito para viver, e muito dinheiro para ganhar. Aliás, é época de férias, muitos carros vão passar na Estrada 59. Preciso voltar ao trabalho.